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A Liberdade Cantada no Lapo

Sexta-feira, 12.02.21

 No dia 11 de Fevereiro ocorreu, num restaurante de Lisboa, no restaurante/associação cultural Lapo, mais uma manifestação a favor da liberdade individual. A mensagem era de que a liberdade tem de se fazer exercer e que devemos fazer o que é melhor para cada um de nós: abrir os negócios.

A liberdade é algo conseguido há mais de 40 anos cá em Portugal e é, de facto, maravilhoso termos liberdade de expressão. Mas não nos podemos esquecer o que significa ser livre e a diferença entre liberdade e egoísmo ignorante.

Tenho liberdade de pensar e dizer coisas? Tenho mas torna-se perigoso quando aquilo que digo vai influenciar de forma física outra pessoa. Vimos no que deu a liberdade de Donald Trump em dizer “vamos invadir o Capitólio!” perante um grupo de furiosos dispostos a partir e matar. Todos vimos Trump e todos vimos os energúmenos a marchar em nome de uma liberdade, mas todos estavam presos a uma ideologia, ela mesma presa num fanatismo que não deixa o pensamento escapar de duas palas bem opacas.

Estamos há mais de um ano a lutar contra algo que não se vê a olho nu e, por isso, para algumas pessoas o que não se vê é mentira. Só que, pessoas que trabalham com equipamentos sofisticados de análise e visualização do muito pequeno conseguem ver e estudar essas estruturas muito pequenas: os vírus. E não, não são mentiras, são bem reais.

Um grupo de pessoas pode ser livre o suficiente para se juntar, sem máscaras? Teria, se fosse possível mantê-los assim por 10 dias sem sintomas e sem presença do vírus SARS-CoV-2. No entanto, a liberdade deles não permitiria estar 10 dias seguidos a proclamar a liberdade. Entretanto, vão surgindo em diversos pontos, mais casos de proclamação da liberdade incentivados uns pelos outros. E agora? Mantemos a liberdade e voltamos aos 15 mil casos diários ou mais? Ou limitamos a liberdade para chegar aos mil casos diários?

Estes grupos acham que são muito livres ao proclamar a liberdade individual e esquecem-se de que têm de conduzir pela direita, parar no semáforo vermelho, usar cinto de segurança, etc. Todos temos uma zona de liberdades mas se sairmos dela estamos a limitar a liberdade dos outros. Pensando de forma egoísta, para mim é melhor passar no semáforo vermelho porque estou com pressa ou conduzir pela esquerda porque há mais trânsito na outra via. Mas isso é melhor para mim? E para os outros? E para todos? As regras existem porque é a maneira de haver menos danos a todos. Pode ser chato eu parar no semáforo vermelho se tiver pressa mas existe um elevado potencial de sobrevivência. Não sou livre se ficar parado num semáforo vermelho mas, com isso, estou a deixar outras pessoas livres, enquanto eu continuo a viver, apesar de me atrasar um pouco.

É melhor limitar a liberdade ou deixar estar? Não podemos ver essa questão só por uma pessoa. Temos de olhar de cima, para a população e ter algum conhecimento se quisermos ter fundamento na nossa posição. Ou seja, deixar o egoísmo e a ignorância. Podemos cantar a liberdade? Podemos mas não contra o Governo, que nos quer livres o mais depressa possível, nem contra o vírus, que não têm ouvidos. Aqui ninguém está a ser ditador. O vírus quer multiplicar-se e nós, para sermos livres como população saudável, temos de aceitar as regras que permitem isso: evitar a transmissão viral.

Só vamos ser livres quando todos limitarmos a nossa liberdade por um tempo. Parece um contrassenso mas não é

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publicado por Dário Cardina às 18:59


1 comentário

De Anónimo a 12.02.2021 às 21:52

Parvalhões!

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